sábado, 24 de novembro de 2012

Os 3 tipos de leitores: contemplativo, movente e imersivo

 Por diversas vezes paro pra pensar como poucos anos de idade fazem diferença na relação com a tecnologia e o que ela interfere no cotidiano de cada um. E as vezes nem precisa de diferença de idade pra isso. Tenho amigos que ficam em instant messengers enquanto estão na praia, tomando Sol e bebendo uma caipirinha com os amigos. Pra mim praia é pra fazer outras coisas. Reparo no número de pessoas que, na mesa dum bar, estão de cabeça baixa mandando SMS pra sei lá quem enquanto os outros amigos (caso não estejam fazendo o mesmo), conversam ou aguardam terminar. Pra mim isso tudo é estranho demais, pros outros é normal e cada um segue do jeito que gosta. E como será fazer produtos editoriais (sejam em qualquer suporte) pra um determinado público, com a mesma idade, que mora em regiões próximas, com bagagem cultural semelhante mas que tem hábitos de leitura que podem ser tão diferentes? Meu primo, 9 anos mais novo, lê histórias em quadrinhos na tela do PC dele. Pra mim é impossível. E um Kindle? Satisfaz a sensação de ler? E um iPad, serve pra ler as revistas ou simplesmente brincar com as interações num novo suporte? Bem, quando comecei a reparar e refletir nesses comportamentos, me lembrei de uma “velha leitura”, com ótimas definições de tipos de leitores e como eles se comportam, o que esperam dos textos, estejam eles onde estiverem. Li novamente o conteúdo. São eles:
1. O leitor contemplativo, meditativo Desde Idade Média, quando se instituiu que a leitura nas bibliotecas seriam feitas em silêncio, uma grande mudança ocorreu no processo de entendimento de um texto: depois de séculos a leitura passaria a ser algo muito mais íntimo e pessoal, sem a presença de um orador, sem interferências extenas e apenas feita pelo movimento dos olhos e o virar das páginas. É nesse momento que nasce o leitor contemplativo. Esse tipo de leitor se isenta de situações mundanas para se concentrar na leitura, numa atividade solitária, que pode ser interrompida para reflexão, retornada, feita novamente por dezenas de vezes até que o endendimento seja feito do modo desejado. É o leitor que procurou o isolamento para absorção do conteúdo, que não se preocupa com quanto tempo faz que está lendo nem tem pressa pra terminar. Da mesma maneira poderiam “ler” quadros ou esculturas numa galeria ou admirar e perceber a arquitetura que o cerca.
2. O leitor movente, fragmentado É o leitor que surge pós Revolução Industrial, aquele que viu as locomotivas trazendo esperanças em formato de produtos produzidos em grande escala, que ganharam horários rígidos nas fábricas e que tudo isso, junto com o cinema, a luz elétrica, o telégrafo, depois os jornais, revistas e tudo que poderia cercar as pessoas com informações. Todos os lugares tinham textos que acendiam e apagavam nos luminosos dos estabelecimentos comerciais dos mais diversos tipos, além de cartazes de propaganda, rótulos de produtos, fachadas, automóveis, placas de sinalização. Médicos, veterinários e advogados viraram produtos também. Os centros comerciais, as ruas e os boulevards passaram a ser grandes vitrines com todo tipo de informação, que é lida rapidamente e sem intimidade, numa batida de olhos, onde pessoas passam a todo momento praticamente que despercebidas entre o leitor e elas, que também podem ser leitores desse tipo. Imagens e textos que seduzem e fazem produtos serem vendidos ou simplesmente desejados. Todo mundo (leitores moventes) lendo tudo ao redor, rapidamente e com menos concentração e com a pressa que a vida pós Revolução Industrial foi emprestando pra todos. É o leitor intermediário entre o contemplativo e o imersivo. 
3. O leitor imersivo, virtual. Com todos os aparatos digitais e possibilidades, não é difícil de imaginar como é esse tipo de leitor. Nada de rolos de papel como na Antiguidade, nem de grandes blocos de papel, nem objetos que o fazem tropeçar em diversos elementos que podem ser lidos e notados, como na letra de “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso. Nada de ordem para ler. O leitor imersivo está a todo tempo em prontidão para receber e ler novas informações, traça seu próprio caminho em navegações alineares ou multilineares. É o leitor que passeia por várias dimensões de conteúdos através dos nós que as une, que pode ter uma leitura que não tem fim, que entrecruza os dados com outros textos, os compara e gera um terceiro ou um quarto conteúdo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PORTFÓLIO Portfolio ou portefólio, porta-fólio é uma lista de trabalhos de um profissional ou empresa. O portfólio é uma coleção de todo o trabalho em andamento na organização relacionado com o alcance dos objetivos do negócio. Toda organização tem um portfólio, mesmo que não reconheça especificamente. Consiste nos trabalhos que estão em andamento na empresa, estejam estes trabalhos relacionados de alguma forma entre si ou não. Algumas organizações tem portfólios separados por departamentos, divisões ou unidades de negócio. Em última instância, deve haver um portfólio abrangente para a organização como um todo. Sobre os projetos de um portfólio, espera-se algum tipo de retorno. Classes de portfólio como um conjunto de aplicações no mercado de ações (portfólio de investimentos), projetos exploratórios de empresas de petróleo (portfólio exploratório), imóveis (portfólio de bens) ou um portfólio de quadros e fotografias, são montados esperando-se um tipo de rendimento. Das três primeiras classes acima, o retorno é facilmente identificado como um retorno econômico. Já a última classe, além de venda de uma pintura ou fotografia, pode-se considerar um retorno intangível, aquele medido de forma indireta, tais como no campo social, de divulgação de uma imagem ou estilo pessoal. O uso de portfólios na educação constitui uma estratégia que tem procurado corresponder às necessidades de aprofundar o conhecimento sobre a relação ensino-aprendizagem, de modo a assegurar-lhe, a cada vez, melhor compreensão e mais elevados índices de qualidade. Tem-se desenvolvido esforços no sentido de uma melhor compreensão das implicações positivas que possam decorrer da sua utilização como estratégia de formação, de investigação, de avaliação e ainda como estratégia de investigação ao serviço da qualidade da formação. Ao realizar-se, vai existir uma estimulação quer ao nível reflexivo, quer ao nível da conscientização das pessoas que os realizam. O portfólio apresenta múltiplos aspectos e dimensões da aprendizagem, enquanto construção de conhecimentos e, desta, enquanto condição de desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes. Assim, com o aprofundamento e a apreciação das perspectivas educacionais, esta estratégia não apenas vai contribuir para uma estruturação inter-pessoal do conhecimento, como também vai facilitar, se desenvolvida ao longo de um período de tempo, a compreensão dos processos de ensino-aprendizagem. Através do uso do portfólio, podem-se tornar reconhecíveis, quer a natureza, quer a importância das relações interpessoais desenvolvidas nos processos de ensino-aprendizagem. Como principal evidência do uso do portfólio podem referir-se: Promover o desenvolvimento reflexivo dos participantes; Estimular o processo de enriquecimento conceptual, através do recurso às múltiplas fontes de conhecimento em presença; Fundamentar os processos de reflexão para, na, e sobre a ação, quer na dimensão pessoal, quer profissional; Garantir mecanismos de aprofundamento conceptual continuado, através do relacionamento em feedback entre membros das comunidades de aprendizagem; Estimular a originalidade e criatividade individuais no que se refere aos processos de intervenção educativa, aos processos de reflexão sobre ela e à sua explicação, através de vários tipos de narrativa; Contribuir para a construção personalizada do conhecimento para, em e sobre a ação, reconhecer-lhe a natureza dinâmica, flexível, estratégica e contextual; Facilitar os processos de auto e hetero-avaliação, através da compreensão atempada dos processos. Segundo Villas Boas "o portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Eles são, portanto, participantes ativos da avaliação, selecionando as melhores amostras de seu trabalho para incluí-las no portfólio" (Currículo e avaliação - Indagações sobre Currículo) “Portfolios são documentos personalizados do percurso de aprendizagem, são ricos e contextualizados. Contêm documentação organizada com propósito específico que claramente demonstra conhecimentos, capacidades, disposições e desempenhos específicos alcançados durante um período de tempo. Os Portfolios representam ligações estabelecidas entre acções e crenças, pensamento e acção, provas e critérios. São um meio de reflexão que possibilita a construção de sentido, torna o processo de aprendizagem transparente e a aprendizagem visível, cristaliza perspectivas e antecipa direcções futuras.” (Jones & Shelton, 2006: 18-19)

sábado, 7 de julho de 2012

Como Jeová usa sua presciência
Visto que Jeová é um Deus de profecia e propósito, como ele usa a sua presciência, ou seja, sua capacidade de prever o futuro? Para começar, temos a garantia de que todos os caminhos de Deus são verdadeiros, justos e amorosos. Ao escrever aos cristãos hebreus do primeiro século EC, o apóstolo Paulo confirmou que o juramento e a promessa de Deus são “duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta”. (Hebreus 6:17, 18) Na sua carta ao discípulo Tito, Paulo expressou esse mesmo pensamento quando escreveu que Deus “não pode mentir”. — Tito 1:2. Além disso, embora tenha poder ilimitado, Jeová nunca age injustamente. Moisés o descreveu como “Deus de fidelidade e sem injustiça; justo e reto é ele”. (Deuteronômio 32:4) Tudo o que Jeová faz se harmoniza com sua maravilhosa personalidade. Suas ações demonstram a perfeita harmonia de suas qualidades principais: amor, sabedoria, justiça e poder. Veja como tudo isso se relaciona com o que aconteceu no jardim do Éden. Como Pai amoroso, Jeová proveu os humanos de tudo o que eles precisavam. Ele deu a Adão a capacidade de pensar, raciocinar e chegar a uma conclusão. Diferente da criação animal, que é basicamente guiada por instinto, Adão tinha a capacidade de fazer escolhas. O resultado disso foi que, do seu trono celestial, Deus olhou para baixo e viu “tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom”. — Gênesis 1:26-31; 2 Pedro 2:12. Quando decidiu ordenar a Adão que não comesse da “árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau”, Jeová forneceu instruções suficientes para que Adão pudesse decidir o que fazer. Ele autorizou Adão a comer de “toda árvore do jardim”, exceto de uma, e o avisou sobre os resultados trágicos que sofreria se comesse do fruto da árvore proibida. (Gênesis 2:16, 17) Dessa forma, ele deixou claro para Adão quais seriam as consequências de suas ações. O que Adão faria? Pelo visto, Jeová escolheu não prever o que Adão e Eva fariam, embora ele tenha a capacidade de saber tudo com antecedência. Portanto, a questão não é se Jeová pode prever o futuro, mas, sim, se ele escolhe fazer isso. Além disso, podemos raciocinar que Jeová, sendo um Deus de amor, não predeterminaria, de forma intencional e cruel, que haveria uma rebelião — com todas as suas tristes consequências. (Mateus 7:11; 1 João 4:8) Assim, no que se refere à presciência de Jeová, ele a usa de forma seletiva, isto é, ele decide como e quando usá-la. Será que o fato de Jeová usar sua presciência de forma seletiva significa que ele de certo modo tenha alguma deficiência, ou imperfeição? Não. Moisés descreveu Jeová como “a Rocha”, e acrescentou: “Perfeita é a sua atuação.” Ele não tem culpa das consequências do pecado humano. Os efeitos desastrosos que todos nós sentimos hoje se originam daquele ato injusto de desobediência. O apóstolo Paulo raciocinou de forma clara que “por intermédio de um só homem entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado”. — Deuteronômio 32:4, 5; Romanos 5:12; Jeremias 10:23. A capacidade de escolher usar ou não a presciência pode ser ilustrada por um recurso da tecnologia moderna. Alguém que gravou um evento esportivo tem a opção de assistir os momentos finais da partida a fim de saber o resultado. Mas ele não precisa fazer isso. Quem poderia criticá-lo se ele escolhesse assistir a partida inteira, desde o começo? De maneira similar, o Criador pelo visto preferiu não ver como as coisas terminariam. Ele preferiu esperar e ver como seus filhos na Terra se comportariam à medida que os eventos ocorressem.